segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

CONSELHO DE PADRE



Em diversos aspectos, muitos católicos romperam com seus sacerdotes, ou vice versa. Houve uma quebra de confiança que será difícil recuperar. Aquele fiel que ia pedir a benção ou conselhos do padre está cada dia mais raro. O que critica está em alta. A mídia amplifica a situação ao amplificar os relatos de desvios dos sacerdotes. Culpa nossa, culpa de um punhado de circunstâncias, mas, principalmente, culpa do abandono da confissão e da direção espiritual, dois valores essenciais da vida cristã.

Quando números desalentadores de sacerdotes deixaram de lado o confessionário por outras práticas pastorais, quando se deixou de dar mais tempo para o fiel que desejava desabafar, perdeu-se a ideia de sacerdote padre-pai em troca da ideia de sacerdote líder e pregador. No imaginário das pessoas, cultas ou simples, há um tipo de pai espiritual a quem a gente abre o coração e há um tipo de líder com quem a gente briga, luta e até bebe cerveja, mas a quem a não pede conselhos, nem os ouve porque sabem e erram tanto quanto os demais fiéis.

Se em algumas circunstâncias a mudança de perfil do sacerdote católico foi de grande valia, nessa não foi. O aconselhamento perdeu terreno. A palavra do padre deixou de ter o peso que tinha. E coincide com uma enorme necessidade de confissão neste fim de século que massacra indivíduos e grupos inteiros. De conseqüência os profissionais ou os curiosos de aconselhamento lá fora aumentaram na proporção de 1 para 200: psicólogos, pedagogos,videntes, pais de santo, pedras, búzios, tarô, horóscopo, animadores de televisão, revistas e jornais. Há sempre alguém pedindo conselho e abrindo sua vida em público à espera de conselho.

Mais: há sempre alguém confessando seus pecados no rádio, na televisão e nas revistas. “Fiz isso, mais isso , mais aquilo e não me arrependo”.“Fiz mas me arrependo”. “Mexi com isso, mas agora estou fora”..”Ele não me quer mais, o que faço?”… E há o convertido que vai lá dar testemunho de que foi salvo e, para ajudar o outro, revela o seu pecado. Trocaram o confessionário e a voz baixa pela televisão e diante de milhões de olhos e ouvidos. O mundo continua se confessando cada dia mais deslavadamente, só que fora do confessionário.

Uma Igreja que prepara seus sacerdotes por anos a fio para serem conselheiros e amigos e lhes dá uma bagagem razoável, descobre que o seus fieis não mais se confessam nem consultam seus padres sobre assuntos vitais. Mas ouvem o médico, o psicólogo, a vizinha , o artista, a cantora, a animadora de televisão …

A opinião da Igreja deixou de ser importante para eles. Em parte por causa da nossa fraqueza de padres, porque levamos esse tesouro em frágeis vasos de barro (2Cor 4,7). Muita gente já não confia em nós. Em parte porque sem horários para a confissão e sem direção espiritual fecharam-se canais importantes para muitas conversões . Que se restitua às paróquias e mosteiros o sadio hábito da confissão, é claro, com as conquistas da pedagogia e da psicologia. O povo não deixou e se confessar: inclusive os sem fé; agora o fazem diante de holofotes… Que o padre, também ele pecador, revalorize este sacramento. O povo certamente voltará. Pensando bem, não foi o povo que foi embora: fomos nós que fechamos os lugares de abertura de alma…

Fonte: Site oficial de Pe. Zezinho
Descrição: Pe. Zezinho scj

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